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9.9.10
Matéria do Estado de Minas: Vai Pingar?/Socialização na escuta
Reportagem Frederico Bottrel/Foto Cristina Horta
(Caderno de Informática do Estado de Minas - 09/09/10)
O que foi anunciado como a primeira investida da Apple no cenário das mídias sociais já tem sido apontado como mais uma maneira de engordar os cofres da maçã. O Ping, serviço de rede social integrado ao iTunes, recebeu críticas severas de quem testou a ferramenta em sua primeira semana no ar. Blogs especializados, inclusive aqueles escritos por macmaníacos confessos, se revoltaram com a proposta do Ping, que permite que se ouça apenas 30 segundos das músicas.
Seria claramente uma estratégia para que o usuário comprasse a música inteira, no próprio ambiente da loja do iTunes. Esse é outro aspecto que fez os críticos torcerem o nariz: a Apple segue na contramão dos serviços em plataformas abertas na internet. O Ping funciona apenas no iTunes (e não simplesmente em um navegador, como qualquer outra rede social), no iPod ou no iPhone. É como se a Apple ignorasse por completo quem usa telefones Blackberry ou Android. Este modelo fechadão da empresa já é um clássico em seus lançamentos cheios de particularidades mercadológicas (iPad não tem USB, só para lembrar).
Por isso, especialistas preferem a cautela à certeza de que o lançamento da Apple será um sucesso. "As redes sociais se movem numa velocidade tão grande e com estratégias competitivas tão agressivas, que será preciso aguardar a reação das empresas e, principalmente, dos usuários. Os primeiros movimentos apontam para um certo desconforto do Facebook em relação à Apple e ao Ping. Por outro lado, vínhamos acompanhando uma aproximação maior entre Facebook e MySpace na última semana, antes do Ping. E há quem aponte um redirecionamento do MySpace com enfoque dedicado mais ao conteúdo do que à socialização", explica Lorena Tárcia, coordenadora do laboratório de convergência de mídias do Uni-BH.
No lançamento da novidade, Steve Jobs deixou claro quem são os inimigos que a Apple deve atacar com o Ping: "É como uma mistura de Twitter e Facebook". A inclinação da gigante da maçã em direção às redes sociais é indício de fenômeno curioso, como detalha Lorena: "É uma movimentação de gigantes e nem estamos ainda falando de Google, ameaça comum a todos. A questão está na importância da sociabilidade na rede. Não dá para ficar de fora".
Ela lembra, contudo, que tamanho não é documento na web: "A lógica da internet é fascinante neste sentido. Novas empresas sem grandes investimentos iniciais surgem e agregam as pessoas com velocidade, como o Twitter. Ao mesmo tempo em que projetos com grande aporte de investimento e marketing como o Google Wave definham frente ao desprezo dos usuários.
A palavra-chave é engajamento e, neste aspecto, a Apple já sai em vantagem. Mas, na rede, não basta ser grande, é preciso um charme especial que, felizmente ou infelizmente, não está acompanhado de manual". Como não há fórmula pronta, resta às gigantes correr atrás.
Por isso a rede da Apple tem tantas semelhanças com os dois mais bem sucedidos exemplos no cenário atual: é possível seguir o seu artista favorito, como no Twitter.
E também dá para colecionar amigos de forma mais direta que no microblog, à maneira do Facebook. Além de permitir a interação com os artistas, o Ping facilita para que você fique por dentro das atualizações desses amigos, veja fotos e vídeos, leia comentários etc. Uma outra ferramenta é centrada em agenda de shows – e aqui mistura conceitos do MySpace e do Facebook, já que é permitido confirmar presença nas apresentações e contar a seus amigos a respeito.
Pequenas, mas não pedaço
Há várias maneiras de se socializar o que se escuta, na internet. Pulverizado por meio de redes menores, o hábito de compartilhar gostos musicais se espalha por vários sites sem grandes pretensões. "Este público sustenta pequenas redes focadas na qualidade e não no volume de adesões", diz Lorena. São serviços gratuitos com o Last.FM, o Blip.FM ou o Rate your music, que permitem que se defina um perfil musical e troque informações com amigos de gostos parecidos. Sites como o Myspace e o Oi Novo Som acabam caindo nas graças de músicos em busca de visibilidade. Qualquer um deles é bacana para quem quer descobrir novos sons.
"Em termos de tendências, pelas próprias características da internet, penso que cada vez mais teremos mídias sociais com foco específico para que o usuário possa optar por aquela que mais lhe interesse. Assim como uma conexão entre elas, para que não seja necessário acessar sites distintos para interligar essas diversas redes de relacionamento", acredita Lorena.
O Blip.FM, por exemplo, permite integração com outras redes, como o Twitter e o Facebook, o que é apontado como um dos principais pontos positivos da plataforma. Para descobrir o que há de melhor em cada um dos sites de relacionamento concentrados em música, o Informátic@ conversou com fãs confessos de cada um dos serviços. Os sites têm focos e ferramentas diferentes. Decida qual deles pode ter mais a ver com o seu perfil.
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